segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Faz Sentido

A mais ou menos 4 anos atrás resolvi fazer uma tatuagem. A única coisa que eu não faria por nada nesse mundo seria uma borboleta. Bem no fim, escolhi uma borboleta. Mas não era uma borboleta comum, era grande, com linhas finas, absolutamente linda e diferente. Quando olhei o desenho que tinham feito para desenhá-la em mim, adivinha: Não era a borboleta que eu tinha escolhido. Com pena do rapaz que eu havia tomado seu horário de almoço, falei que estava bom e deixei ele tatuar ela em mim. Ao final da sessão, quando olhei no espelho, o que era para ser algo surpreendentemente incrível, foi surpreendentemente desanimador. Pequena, azul, no canto do ombro, solitária e meia-boca. Não que o desenho tenha ficado meia boca, mas ela ali sozinha.. Ficou. Durante o passar do tempo, quando eu olhava para a borboleta, pensava em desenhar outra coisa em cima, colocar flores nela, dar uma companhia no ombro em que ela permanecia para, de forma simples, ela deixar de ser solitária. E ela permaneceu ali até hoje, no canto, solitária.

Sempre ouvi dizer que borboleta significava pessoas que desejavam ser livres e independentes, não vivendo dentro de um casulo e ter vida própria. Eu, particularmente, nunca me identifiquei com a tatuagem e muito menos com o significado. Nunca desejei ao extremo a liberdade, também nunca fui presa em um casulo e nunca senti a necessidade de voar para longe, em um lugar só meu. Mas, a necessidade que eu tinha, no desenho, era desenhar companhias para a dona borboleta. Mas também não fazia diferença, ela continua ali, sozinha, durante 4 anos da vida dela.. Azul, imóvel e sozinha. 

Pela primeira vez na vida, hoje (26/11/2012) eu estou sentada no meu trabalho e pensei na minha borboleta desenhada nas costas. Pela primeira vez em 4 anos eu me identifiquei com ela, seu significado, sua falta de desenho e sua imobilidade causada atrás de mim. Assim como a borboleta desenhada, por muito tempo eu quis companhias. Pessoas que estivessem perto de mim, que ligassem mostrando a importância ou o amor que eu tenho na vida delas, que me convidassem para sair, que mostrassem ser grandes amigas. Eu sempre quis melhores amigas, convites, um café numa quarta-feira à tarde e uma visita surpresa em qualquer dia da semana. Eu não sentia a necessidade disso, até porque eu tentava me enganar ou entender que a responsabilidade de tudo isso era minha. Mas como é minha, se o que faço não recebo de volta, e todo amor que ofereço, não oferecem à mim? Não que eu queira me penalizar e me colocar como vítima, mas alguma coisa está muito errada. Eu queria desenhar cores, listras, arco-íris, flores e borboletas na minha vida, mas entendo que é quase impossível, da mesma forma que foi impossível eu desenhar na borboleta durante 4 anos. Isso tudo me causou o desejo da liberdade. Eu preciso voar alto, não me adaptar ao que estou vivendo e descobrir o meu verdadeiro eu. Tentei por tantas vezes me esforçar com meus afazeres, com o que eu deveria fazer, não fazer, minhas obrigações e esquecer de viver eu mesma! Tomei um peso sobre mim e esqueci de repousar mentalmente de tudo. Me renovar, é disso! Me vejo como uma borboleta dentro de um casulo precisando pegar vôo, ir para longe, um lugar só meu. Uma tatuagem, depois de 4 anos, nunca fez tanto sentido.