quinta-feira, 16 de junho de 2011

Onde Está Sua Voz?


Polemizar nunca foi o meu forte. Permaneci por várias situações na inércia, relevando os falatórios, preconceitos e atitudes contrárias aos meus conceitos. Porém, isso teve um ponto final.

Na faculdade de Publicidade e Propaganda, deveríamos realizar um trabalho para a matéria de Antropologia. Deveríamos escolher, em grupos, um determinado estabelecimento ou algo do gênero a ser analisado. Analisar os grupos, comportamentos, rotinas e diferenças de acordo com a sociedade em geral. O meu grupo foi eu, eu mesma e Cristo, porque né. Escolhi para trabalhar sobre A Onda Dura, grupo de jovens evangélicos da Comunidade Siloé que possui características diferentes das tradicionais. Realizei um trabalho ótimo. Na apresentação, a sala demonstrou bastante interesse. Eu fui preparada para questionários da turma em relação ao ambiente e, como fui direcionada no início do trabalho pela própria professora à fazer especificamente sobre a instituição como um meio, e não relacionar com as razões religiosas (mesmo tendo todos esses sentidos por trás) assim o fiz. Detalhe: A maioria dos grupos que apresentaram seus trabalhos, foi relacionado à bares, bares aparentemente gay e mendigos. O grupo que se apresentou antes de mim, levaram uma média de 40 a 45 minutos na apresentação. Todas deveriam cumprir o tempo de 20 minutos, mas nenhum dos grupos realizou no tempo estipulado; todos ultrapassaram. Quase ao final da minha apresentação, faltando ainda a parte das entrevistas com as pessoas participantes do grupo A Onda Dura, a professora lança o seguinte comentário: "Dá uma apurada que já tá em 25 minutos". Eu argumentei: "Pois é, os meninos levaram 40, 45 minutos na apresentação deles". Ela ficou sem jeito, disse não ter percebido nem controlado. Continuei e finalizei a apresentação na ordem. Quando acendi as luzes da sala, eis a primeira questão levantada pela própria professora: "Desculpa a minha, talvez, descrença... Mas, quem mantém toda essa estrutura?". Perguntou ela, com um sorriso meia boca, demonstrando de fato a sua descrença e querendo polemizar um assunto genérico: dízimos e ofertas. Pérai, quer dizer que a estrutura de um bar, de uma boate e o salário dos donos desses estabelecimentos podem vir através do consumo das pessoas, mas uma igreja não? Quer dizer... um bar que leva muitas famílias à perdição, maridos traindo mulheres, mulheres traindo maridos, jovens se embebedando, querendo preencher um vazio em um dia e que não conseguem; lugares que levam as pessoas à essa situação, esses lugares podem ganhar o dinheiro dessas pessoas. Agora, uma igreja que está ali só para ajudar famílias, manter a estrutura dos relacionamentos, ensinar como viver os ensinamentos de Deus para uma vida melhor; um lugar assim não pode receber ajuda financeira das pessoas? Mesmas pessoas que ainda por cima são abençoadas pela ajuda? Fui diréto ao assunto, falei dos trabalhos sociais que a comunidade siloé possui e que são as pessoas que ajudam a manter, espontaneamente, a igreja. Outra questão levantada foi a estratégia das cruzes de madeira, com ela tratando como sendo um "marketing de guerrilha" simplesmente para atrair à "marca" (assim denominada pela própria professora) da instituição.E assim abriu-se um mar de discuções e mais polêmicas e mais questões levantadas. Nesse momento, o meu trabalho tornou-se meu e mais do resto da turma. Enquanto ela trazia questões problemáticas, querendo tratar a igreja como uma empresa lucrativa, minhas respostas vinha na ponta da língua, juntamente com a resposta ao meu favor do restante da turma. Falatórios indo, falatórios vindo, eis o seguinte comentário dela: "Carol, espera. Você tá muito na defensiva!". E não é para ficar? Penso eu. No momento em que ela disse isso, não consegui escutar mais nada do que ela falava. A única coisa que vinha na minha mente era isso: "Se ela acha que eu to na defensiva, que assim seja. Se ela quiser me odiar e me perseguir por isso, que assim seja. Que bom se eu estiver sendo perseguida, assim eu sei que estou fazendo a coisa certa". Permaneci nessa visão e defendendo o meu ponto de vista. Aquilo estava se tornando uma batalha e eu via muito além; era quase espiritual. Ao final, alguns vieram me parabenizar pela apresentação e que ficaram curiosos para conhecer A Onda Dura. Quando cheguei em casa e coloquei a cabeça no travesseiro, não consegui dormir. Pensei em algumas coisas que eu deveria ter falado. Não pensei em nada que eu não deveria ter falado; não me arrependi de nada. Chegando hoje na faculdade, a primeira pergunta das pessoas "eai, bateu na professora ontem?". A polêmica sobre os questionários dela, continuou. Que fique claro que de maneira alguma tratei ela mal. Fui firme. Sincera. Diréta. Algumas pessoas vieram dizer que eu estava defendendo demais meu trabalho. E eu continuei no meu ponto de vista "mas é lógico, e vou defender sempre! é a minha crença". Outras pessoas dizendo que eu levantei argumentos contraditórios (dos quais eu, sinceramente, não me recordo).

Fiquei frustrada, com um nó na garganta, pensei se eu estava fazendo a coisa certa. Sim, eu estava. Realmente comecei a entender o que é sofrer por amor. Sofrer por Deus. Sofrer pela obra. Mas assim eu continuarei, "até o fim do mundo, por Ti", como diria Hillsong. E como já havia dito o próprio Lipão "Você é perseguido pelo o que crê? Porque, quando você for perseguido, é porque está fazendo a vontade de Deus, realmente.".

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