sábado, 11 de junho de 2011

Ele & Ela

Uma mulher conhece um homem. Ele? Ama família, passar férias com os primos, ir velejar em um barquinho “meia boca” no rio ao lado da casa dos avós. Ela? Não suporta o pai, odeia quando dão conselhos. Datas comemorativas? Passa dormindo.
            Estão namorando a 3 anos e 9 meses. Início do namoro: 17 de Setembro de 2007. Foi acaso; Ela tava saindo do barzinho com as amigas. Ele, do teatro. Se cruzaram indo para o estacionamento onde haviam deixado seus carros; nada de especial. Conheceram-se a 2 semanas antes de se cruzarem, por amigos de amigos. É aquela expressão: “uau, que mundo pequeno!”. Ele, lembrava dela. Ela, não fazia nem ideia de quem ele era; provavelmete estava bêbada demais quando se conheceram.
            Dia 12 de outubro, Ele passou com os sobrinhos (sua irmã do meio acabara de ganhar neném). Deram uma festa na casa dos pais. Festa grande, presença dos vizinhos, lembrancinhas pras crianças, guerra de bolo de chocolate com direito a sorvete de morango. Ela? Passou o dia vendo filme de drama. Sua mãe lhe deu um enfeite de vidro para colocar sobre sua estante, ao lado de suas fotos. Apenas uma lembrança. Ela, amargurada, lembrou de quando era pequena e havia ganho um cachorrinho nessa mesma data, e seu pai mandou-o embora no dia seguinte. Jurou nunca mais falar com o pai e nunca mais ter um bichinho de estimação. No dia 13, Ela encontrou-se com Ele que, naturalmente, começou a contar-lhe sobre a festança em sua casa. Ela estava escutando, mas não estava ouvindo – como fez todas as vezes que Ele trazia assuntos familiares –. Foi um dia bom, ao menos ambos gostavam de filmes e, a maior parte dos passeios, eram cinemas.
            Relacionamentos nascem dia após dia, ambos os sexos preferem alguém do mesmo jeito, mesma cor, mesmo clima e mesmos gostos. Esquecem do detalhe de ser impossível fazer alguém gostar de você, o amor nascer simultaneamente ou você gostar de seu amigo – geralmente, semelhanças encontram-se na amizade –. Algumas pessoas querem compartilhamentos familiares, outras querem distâncias particulares. As difereças são as relações: Ao namorar, não estamos morando na mesma casa que o companheiro (na maioria dos casos). Obrigamo-nos interiormente a ir à casa da pessoa amada para almoçar, conversar e tomar um cafézinho com os pais dela. A casa com irmãos, cunhadas, talvez tios que não aprovem e avós que, algumas vezes, são vazos ruins e nunca morrem. A convivência nos perturba, nos machuca, nos intriga. Vivemos, além de nossa vida, a vida dos outros, inevitavelmente. Ao casar? Maravilhatododia.com – pode-se assim definir –. Cozinha própria, só a dois, filminhos no sofá tomando chocolate quente (ou ao menos deveria ser assim). Trabalhos diários, limpar a casa e fazer o almoço. Só de saber que a pessoa lhe espera já faz o dia ter rendido.
Se torna um distúrbio pensar que, depois de talvez 3 anos de namoro, é que realmente poderemos ter paz. As diferenças não se tornam tão imensas quando sabemos analisar o ponto de vista do outro, o problema é quando o companheiro força ter um totalmente diferente do seu. No caso entre Ele e Ela, Ele continua tendo pais, irmãos, sobrinhos (a primeira família) e sempre irão existir em datas comemorativas ao seu redor. Ela passa todos os dias com Ele, quem é basicamente a primeira família dEla. Ele, após casar-se, aprendeu a dividir sua vida com a primeira e com a segunda família. Ela, quem sabe com sua nova vida a dois, não esteja começando a pensar sobre o assunto? Afinal, “a dois” é só o começo de uma relação e de uma nova segunda, terceira, quarta ou quinta grande família. Sobre o que Ela pensa depois de casada e seus ideais, eu não sei. Mas o que eu sei é que ela adotou um cachorrinho de rua que estava com a pata machucada, e hoje dorme ao lado de sua cama.

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